A Veneração das Relíquias na Igreja
Este artigo explora a tradição milenar da veneração das relíquias na Igreja, apresentando suas bases bíblicas, sua importância espiritual e histórica.
O culto das relíquias é muito antigo na Igreja e, inicialmente, vou deixar duas passagens que servem de base para tal prática:

“Certa vez, alguns homens que estavam a enterrar um morto avistaram um desses bandos. Atiraram o corpo para dentro do túmulo de Eliseu e fugiram. Aconteceu que o morto, ao tocar nos ossos de Eliseu, voltou à vida e pôs-se de pé” (2Rs 13, 21).

“Deus realizava milagres extraordinários pelas mãos de Paulo, a tal ponto que pegavam em lenços e aventais usados por Paulo para os colocar sobre os doentes, e estes eram libertados das suas doenças e os espíritos maus eram afastados” (At 19, 11s).

Complementando, o documento do Concílio de Trento em 1563 nos diz o seguinte:
“Devem ser venerados pelos fiéis os santos corpos dos santos mártires e dos outros que vivem com Cristo, corpos que foram membros vivos do mesmo Cristo e templo do Espírito Santo, que por ele devem ser ressuscitados para a vida eterna e glorificados e pelos quais Deus concede aos homens muitos benefícios.” (DH 1822).

Precisamos ter em mente que Deus se serve de qualquer coisa e a qualquer maneira para operar milagres. Não é o corpo do santo ou mártir ou suas roupas que fazem milagres. Como nos diz Santo Tomás de Aquino: “não é apenas a devoção dos fiéis que honra as relíquias, mas é o próprio Deus quem as honra, realizando milagres na presença delas”.

Os corpos dos santos, tendo sido templos do Espírito Santo, podem ser instrumentos de salvação e honra a Deus. Assim, a veneração das relíquias é uma forma tangível do amor divino, de contemplação e de um sinal vivo da presença de Deus no mundo.

É importante sabermos que os objetos em si não têm poder algum. Nós não adoramos o objeto, mas sim, honramos o santo que viveu em união com Deus através deles e com isso, adoramos a Deus.

As relíquias são divididas em três categorias:"
Primeira Classe: Parte do corpo de um santo (ossos, unhas, cabelo etc.);
Segunda Classe: objetos pessoais de um santo (roupa, itens de devoção, um cajado etc.);
Terceira Classe: Inclui pedaços de tecido que tocaram no corpo ou no relicário onde o corpo do corpo está conservado.

A Igreja sempre conservou as relíquias. Não somente pela parte espiritual, mas também para manter a história viva e documentada.

Entre as relíquias surpreendentes da Igreja, estão:
  • Vera Cruz – partes da cruz de Cristo, espalhada por diversos lugares do mundo, como a Basílica de São Pedro, a Basílica de N. S. Aparecida e Basílica da Santa Cruz (onde está também a placa que ficava acima da cruz).
  • Coroa de espinhos – Conservada em Notre Dame, exibida para veneração algumas vezes no ano.
  • Sudário de Turim – Pano que cobriu Cristo no sepulcro, conservado em Turim, na Catedral de São João Batista.
  • Relíquia do crânio de Santa Maria Madalena – venerada em França;
  • Ossos São Pedro – Conservados da Necrópole Vaticana, abaixo do altar-mor da Basílica de São Pedro.


  • Existem ainda muitas relíquias de santos e santas. Assim como corpos incorruptos que também são venerados e falaremos disso em outro artigo.
    Otávio Rockenbach
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