
Gallus, o fiel discípulo e companheiro de Columbano, emergiu de uma terra fronteiriça entre a Lorena e a Alemânia, um encontro que marcaria uma jornada extraordinária na história cristã. Seus passos o levaram até Luxeuil, onde seu destino entrelaçou-se com o grande mestre. Embora nascido da tradição monástica irlandesa, foi nas margens do rio Reno que Gallus escreveu sua própria saga.No entanto, o início de sua trajetória revela uma dualidade instrutiva. Enquanto Columbano deixava os lares verdes da Irlanda, Gallus buscou conhecimento nos salões de Bangor, abraçando a luz da sabedoria que brilhava intensamente em suas paredes. Dois destinos distintos, entrelaçados pelo chamado cristão, culminaram em Luxeuil, onde o mosteiro se tornou um ponto de partida para suas aventuras.O êxodo forçado de Columbano e Gallus para a Alemânia marcou o início de uma nova fase. Viajaram como peregrinos da fé, explorando terras desconhecidas enquanto traçavam o curso do Reno. Mas, na encruzilhada de Bregenz, onde Columbano partiu para a Itália, Gallus permaneceu. A doença, como um fio invisível, amarrou-o à terra germânica, onde sua alma se tornaria um farol de espiritualidade.As florestas acolheram Gallus e seus companheiros, e a vida eremítica floresceu nas margens do Lago Constança. Lá, o pregador e o eremita se fundiram em um ser, cuja aura atraiu até mesmo os habitantes das profundezas selvagens. A história conta que quando Gallus estava pelas florestas da Suíça, estava sentando frente a uma fogueira quando um urso apareceu e investiu contra ele. Gallus repreendeu o urso, que, impressionado com sua presença, interrompeu o ataque e se afastou para dentro da floresta. De lá, retornou com lenha e ficou junto dele pelo resto dos dias. Esta história é mais do que uma fábula: é a manifestação de uma santidade tão forte que até mesmo as criaturas da natureza se curvaram a ela.Quando as ondas da história trouxeram os livros de Columbano e Gallus à Europa continental, a palavra escrita ganhou vida nas mãos diligentes dos monges. O conhecimento irlandês, uma vez ameaçado pelas investidas vikings, encontrou um refúgio seguro em abadias distantes. Eles eram guardiões da sabedoria, preservando as palavras que ecoavam as terras de sua origem.A trajetória de Gallus teve muitos momentos de escolha, um exemplo marcante sendo sua recusa à Sé de Constança. Diante da oferta, ele preferiu a solidão à liderança, deixando a política da igreja para outros. Essa decisão, vinda de um homem já idoso, ecoou nas paredes da história, transmitindo um legado de devoção inabalável.Com a passagem de Gallus, suas pegadas não desvaneceram, mas sim se multiplicaram. A cela do eremita permaneceu, transformando-se em uma comunidade que perpetuou sua visão. As mãos dos discípulos uniram-se para forjar uma nova abadia, uma que evoluiria para o coração do Cantão de São Galo. A regra de São Bento, agora guia, guiou as vidas daqueles que buscavam uma conexão mais profunda com o divino.Os séculos testemunharam a expansão e a independência da Abadia de São Galo, um centro de aprendizado e espiritualidade que prosperou até sua secularização. A rica herança de Gallus, expressa na biblioteca da abadia, serviu como farol de conhecimento em tempos de escuridão.