São Romão, ao descobrir seu chamado à vida religiosa na idade adulta, aos 35 anos, trilhou um caminho inspirador e radical. Insatisfeito com a rotina monástica, ele se sentiu impelido a buscar uma vida mais conectada com sua fé. Durante suas caminhadas pelos campos, encontrou um local cercado de árvores e uma fonte, onde decidiu se instalar. Ali, esquecendo-se do mundo e de si mesmo, dedicou-se intensamente à oração, ao trabalho manual e à leitura da Bíblia. A Sagrada Escritura era seu único livro, pois a considerava mais do que suficiente para guiar sua vida.

São Lupicino, atraído pelo estilo de vida adotado por seu irmão, uniu-se a Romão na fundação de um mosteiro. Como ocorre em muitas famílias, os irmãos enfrentaram desentendimentos e discordâncias, mas também aprenderam a valorizar suas diferenças e a complementar um ao outro. Na vida em comunidade, essas divergências se transformaram em riquezas, moldando suas trajetórias espirituais.

Romão se destacava por sua complacência, tolerância, confiança e piedade, enquanto Lupicino era mais enérgico, prático, seletivo e pragmático nas decisões. Apesar das diferenças, seus perfis se complementavam de maneira admirável, cada um cedendo espaço para o outro e evidenciando a verdadeira essência da santidade.

Durante um momento de oração, os irmãos monges receberam uma visita da Virgem Maria, que os orientou a enfrentar corajosamente as investidas do demônio e não temer os embustes e o ódio. Romão foi ordenado padre e dedicou quase 20 anos de sua vida a esse papel. Num gesto de profunda compaixão, ao se hospedar em um casebre com dois leprosos, Romão os abraçou e solidarizou-se com suas dores, e na manhã seguinte, ambos estavam miraculosamente curados.

Lupicino, sempre voltado para as questões práticas da vida, cuidava da estrutura para que seu irmão pudesse colocar em prática as inspirações divinas que recebiam. Essas inspirações levaram à fundação de dois mosteiros masculinos e um feminino, concretizando a missão dos irmãos.

Romão partiu para a eternidade em 28 de fevereiro de 463, aos 73 anos de idade. Lupicino seguiu esse caminho em 480. O culto aos santos se espalhou amplamente, alcançando países como França, Bélgica, Suíça, Itália e toda a Europa, reverenciando a vida e o legado desses homens de fé.