
Manuel ou Manoel provém do nome bíblico Emanuel, com que foi chamado o Messias na famosa profecia de Isaías (7,14). Significa "Deus conosco". Este nome é amplamente utilizado entre os povos espanhóis e portugueses..São Manuel é comemorado no Martirológico com as seguintes palavras: "Em Calcedônia, os santos mártires Manuel, Sabel e Ismael, enviados pelo rei da Pérsia como embaixadores para pedir a paz a Juliano, o Apóstata. Este imperador quis forçá-los a adorar ídolos e, por sua recusa constante, mandou-os matar".A Igreja tinha finalmente adquirido liberdade religiosa com o "Edito de Milão" em 313, promulgado pelo magnânimo imperador Constantino Magno. Durante cinquenta anos, a Igreja gozou dessa liberdade, que permitiu sua ampla expansão, favorecida, inclusive, pelo batismo do próprio Constantino.No entanto, essa situação mudou drasticamente devido a um sobrinho de Constantino, chamado Juliano, que se tornou apóstata, ou seja, traidor da fé. A ambição e o orgulho desmedido, aliados a uma educação conduzida por mestres pagãos, levaram Juliano a renegar o próprio batismo e a se iniciar nas crenças pagãs.Sucessos no setor militar e circunstâncias favoráveis levaram Juliano ao mais alto grau da magistratura romana, sendo proclamado imperador em 361. Ele tomou uma atitude hostil contra o Cristianismo, querendo restabelecer a mitologia greco-romana. A Igreja voltou a enfrentar um período de terror, com prisões reabertas para os cristãos. O principal objetivo de Juliano era barrar o avanço do Cristianismo, que ele desprezava chamando de religião do Galileu, mesmo recorrendo à violência.Em 363, Juliano decidiu travar guerra contra os persas, que ameaçavam continuamente os confins do Império Romano no Oriente. Inicialmente, obteve ótimos sucessos militares, que levaram o rei dos persas a solicitar a paz com Roma.Foi neste contexto que ocorreu a embaixada persa junto ao imperador Juliano para negociar a paz. Foram escolhidos três nobres para essa missão delicada: Manuel, Sabel e Ismael, pertencentes ao pequeno número de cristãos no Império Persa.As negociações para a paz fracassaram. A condição cristã dos três enviados irritou profundamente o imperador Juliano, que descarregou seu ódio contra o Cristianismo e os persas neles. Submeteu os embaixadores a um processo humilhante e, ao recusarem adorar os ídolos, foram cruelmente torturados e decapitados. Isso ocorreu no ano 363.O castigo de Deus contra o imperador apóstata não tardou. Os persas, extremamente ofendidos pela matança de seus embaixadores, redobraram seus esforços na guerra e conseguiram reverter a situação. O próprio imperador Juliano foi mortalmente ferido. Segundo uma antiga tradição, ao perceber que estava morrendo, Juliano teria gritado desesperado contra Cristo: "Vencestes, ó Galileu!"Com a morte de Juliano, a perseguição terminou definitivamente, e a Igreja voltou a viver em paz. Seu martírio, como prova suprema de amor a Cristo, já é um gesto que o torna digno de nossa veneração.