Bernardo nasceu em 1090 no castelo de Fontaine, perto de Dijon. Seu pai, Techelino, era um homem influente e sua mãe, Aletta, era parente dos duques da Borgonha. Ambos eram conhecidos por sua piedade mais do que por sua riqueza. Desde o nascimento, sua mãe dedicou Bernardo ao serviço da Igreja. Ele foi educado de maneira piedosa e enviado para estudar no colégio dos cônegos em Chatillon.

Bernardo, mesmo sendo jovem, preferia ficar recluso. Ele era calmo, dócil, afável e cortês com todos, além de ser extremamente modesto. Sua inteligência rápida e vivacidade impressionavam seus professores. No entanto, sua maior atração era a voz de Deus, que falava internamente com ele. Certa noite de Natal, o Menino Jesus apareceu a Bernardo, que se encantou com a beleza divina do Redentor e se tornou devoto da Encarnação.

Aos 18 anos, Bernardo perdeu sua virtuosa mãe. Após concluir seus estudos de teologia e Sagrada Escritura, ele voltou para sua casa. Percebendo o quão perigoso era viver no mundo, decidiu se retirar para a vida monástica. Sua família e parentes se opuseram no início, mas ele defendeu sua causa com graça e cortesia, e logo muitos dos que se opuseram seguiram seu exemplo. Seus irmãos Guido, Gerardo, Bartolomeu, André e seu tio Gondrino, senhor de Tolone, o acompanharam na vida monástica.

Outros se juntaram a eles, totalizando trinta pessoas que responderam ao chamado divino. Quando se apresentaram ao mosteiro, o abade São Estêvão, ao ver seu fervor e determinação, os recebeu com alegria. Após um ano de noviciado, Bernardo fez a profissão religiosa e se entregou com grande fervor à prática da virtude. Com frequência, ele se perguntava para se incentivar ao fervor: "Bernardo, para que você veio aqui?".

Bernardo era devotíssimo a Maria Santíssima e não deixava passar um dia sem oferecer-lhe alguma homenagem especial. Ele também buscava promover a devoção à grande Mãe de Deus em todos. Maria tinha grande estima pelo amor daquela alma santa. Um dia, ao passar em frente à estátua da Virgem Maria, Bernardo saudou-a com a saudação angélica: "Ave Maria", mas disse isso com tanta graça e afeto que ouviu a estátua responder: "Ave, Bernardo".

Após a morte de São Estêvão, Bernardo foi eleito abade por unanimidade. Apesar de sempre estar doente, ele pregava com zelo em todos os lugares, e suas pregações eram tão cheias de graça que as pessoas vinham de todas as partes para ouvi-lo, e muitos o seguiam, buscando serem aceitos no mosteiro.

Bernardo uniu de maneira maravilhosa a santidade com a sabedoria, sendo chamado de "Doutor Melífluo". Ele escreveu inúmeras obras, e por seus escritos numerosos, profundos e sábios sobre as grandezas da Mãe de Deus, foi chamado de "cantor de Maria".

Após uma vida tão santa e ativa, Bernardo faleceu em 20 de agosto de 1153, aos 62 anos. A Igreja o honra com o título de doutor.