
Mariana, ou Maria Ana, nasceu em 31 de outubro de 1618, na cidade de Quito, a capital do Equador. Pertencente a uma família abastada, seu pai, Jerônimo Paredes e Flores, era um capitão espanhol, enquanto sua mãe, Mariana Jaramillo, possuía ligações com a nobreza local.No entanto, a tragédia atingiu a vida de Mariana ainda na infância, quando perdeu ambos os pais aos quatro anos de idade. Foi sua irmã mais velha, Jerônima, casada com o capitão Cosme de Miranda, quem assumiu a responsabilidade de educá-la, cuidando dela como se fosse sua própria filha. Desde cedo, Mariana demonstrou um profundo interesse pela religião, desenvolvendo uma devoção fervorosa por Jesus e pela Virgem Maria. Dotada de grande inteligência e habilidades diversas, Mariana encontrava prazer nas aulas de canto, onde aprendia as canções religiosas que seriam entoadas durante as orações.Com orientação espiritual proporcionada pelo jesuíta João Camacho, Mariana recebeu sua primeira comunhão aos oito anos de idade e, impulsionada por seu fervor, expressou o desejo de fazer um voto de virgindade perpétua, o qual foi prontamente aceito. Mesmo sem ingressar em nenhuma Ordem religiosa, Mariana consagrou-se inteiramente à oração e à penitência, atingindo níveis de espiritualidade geralmente reservados aos mais santificados adultos.Em 1639, ela entrou para a Ordem Terceira Franciscana e adotou o nome de Mariana de Jesus. Deus a agraciou com os dons do conselho e da profecia, permitindo-lhe interpretar a alma humana de maneira singular. Suas palavras tinham o poder de promover a paz entre indivíduos em conflito e de guiar almas perdidas de volta ao caminho do seguimento de Cristo.Devido às rígidas penitências que se impunha, Marianita – como passou a ser carinhosamente chamada – tinha uma saúde frágil e um corpo delicado, frequentemente acometido por doenças. Durante um episódio de enfermidade, ela precisou passar por uma sangria, e a enfermeira que cuidava dela deixou o sangue coletado em uma vasilha enquanto ia buscar ataduras. Ao voltar, deparou-se com um lírio brotando na vasilha que continha o sangue de Marianita. Essa ocorrência logo se espalhou e ela passou a ser conhecida como "o Lírio de Quito".Conforme Marianita havia profetizado, em 1645 a cidade de Quito foi devastada por um terrível terremoto, acompanhado de mortes e epidemias. Os jesuítas convocaram os fiéis para rezarem por socorro divino. Durante a celebração da Santa Missa, Marianita anunciou que havia oferecido sua vida a Deus para que os terremotos cessassem. E assim aconteceu naquela mesma manhã. Logo em seguida, no dia 26 de maio de 1645, ela partiu deste mundo, deixando para trás um legado de espiritualidade profunda e uma reputação que transcenderia os séculos.