Papa Honório I
Nome Completo
Sem informação
Nascimento
585 - Campania
Falecimento
12/10/638 - Roma
Papado
625-638
Brasão Papal
* O primeiro brasão que se tem evidência foi no ano de 1191 (Papa Celestino III).

Honório I foi papa durante uma época turbulenta tanto para a Igreja quanto para o Império Bizantino. Nascido em Roma, ele foi eleito papa em 27 de outubro de 625. Seu pontificado é mais lembrado por sua controversa posição na questão do monotelismo, uma heresia que afirmava que Cristo possuía apenas uma única vontade divina, em contraste com a doutrina ortodoxa que sustentava a existência de duas vontades em Cristo, uma divina e uma humana.

Durante o reinado de Honório I, o imperador Heráclio estava envolvido em uma luta para restaurar a unidade religiosa no Império Bizantino, que estava dilacerado por disputas teológicas. Uma dessas disputas foi sobre o monotelismo, uma tentativa de reconciliar os monofisitas, que acreditavam em uma única natureza em Cristo, com a doutrina ortodoxa. Em 634, o patriarca Sérgio I de Constantinopla escreveu a Honório buscando apoio para uma fórmula teológica que evitasse tanto "uma operação" quanto "duas operações" de Cristo, sugerindo que falar sobre uma ou duas vontades em Cristo era desnecessário.

Honório respondeu com uma carta que se tornou famosa e polêmica, onde ele expressou apoio à ideia de evitar discussões sobre "uma ou duas operações" em Cristo, focando em manter a paz e a unidade da Igreja. Ele afirmou que "devemos confessar uma vontade [em Cristo]", em consonância com a unidade de Sua pessoa. Essa posição, no entanto, foi interpretada como um apoio tácito ao monotelismo, o que causou grande controvérsia após sua morte.

Após sua morte, a postura de Honório foi revisada no Terceiro Concílio de Constantinopla (680-681), que condenou o monotelismo e anatematizou Honório como herege por sua falha em defender a doutrina ortodoxa com clareza. A condenação póstuma de Honório como herege foi um evento raro na história da Igreja e foi usada em discussões subsequentes, particularmente durante o Concílio Vaticano I (1869-1870), quando foi debatida a questão da infalibilidade papal. A condenação de Honório apresentou um desafio para a doutrina da infalibilidade, uma vez que ele foi considerado um papa que errou em questões de fé, embora seu erro fosse visto mais como uma falha de omissão do que de comissão.

Honório I também teve outras contribuições significativas durante seu pontificado. Ele incentivou a conversão dos anglo-saxões e enviou missionários à Inglaterra. Honório ordenou que todos os bispos do Império fossem eleitos em assembleias públicas para garantir a legitimidade e a justiça no processo de escolha. Ele também trabalhou para a restauração e a ornamentação de igrejas em Roma, incluindo a Basílica de São Pedro.

Apesar de seu legado controverso, Honório I é lembrado como um papa que tentou manter a paz e a unidade em tempos difíceis, mas cuja falta de clareza teológica resultou em uma condenação histórica. Seu papado continua a ser um exemplo estudado e debatido na história da Igreja, especialmente em relação às complexas questões de autoridade papal e heresia.