São Gregório de Narek
Nome Completo
Grigor Narekatsi
Nascimento
27/02/951 - Vaspurakan
Falecimento
27/02/1003 - Narek
Canonização
Sem informação
Memória Litúrgica
27/02

No poema à língua armênia de 1908, o escritor Arshak Chopanyan presta homenagem a Gregório de Narek, em meio a um momento terrível da história armênia. As palavras de Chopanyan ressoam como um tributo ao monge, que criou um novo discurso teológico profundamente enraizado na tradição de sua terra.

"Nem busco a tranquilidade, mas o Rosto daquele que a concede" (Lamentações)

Gregório de Narek, nascido em 951, em Vaspurakan, pertencia a uma família de eruditos. Após perder a mãe cedo, seu pai, Khosrov, foi nomeado arcebispo de Andzevatsik, confiando a educação de Gregório a seu tio Ananias, médico, filósofo e abade do mosteiro São Basílio de Narek, um renomado centro de estudos da Sagrada Escritura e da Patrística. Além da Bíblia, Gregório estudou os poetas e filósofos helenísticos, foi ordenado sacerdote e, mais tarde, como abade, reformou o mosteiro de Narek.

Apesar de ser um contemplativo, Gregório não se isolou dos eventos políticos e eclesiásticos de sua época. Sua fama se espalhou além dos muros do mosteiro. A pedido do príncipe Gurgen de Andzevatsik, ele escreveu um "Comentário sobre o Cântico dos Cânticos", e, a pedido do Bispo Stepanos, escreveu a história da Santa Cruz de Aparank. Ele adaptou seus sermões e hinos para catequizar o povo.

Para compreender sua doutrina mariana, ele compôs louvores à Santíssima Virgem, destacando a Imaculada Conceição de Maria com um estilo tocante, refletindo sua saudade da figura materna.

No final de sua vida, escreveu "O Livro das Lamentações", tão amado na Armênia que era parte do currículo escolar de crianças após aprenderem o alfabeto.

Gregório faleceu em Narek. O túmulo que foi local de peregrinação por séculos foi destruído, junto com o mosteiro, durante o genocídio de 1915-1916.

Sua obra, escrita há 1.200 anos, continua sendo um modelo universal de literatura e espiritualidade. Ele criou um tipo de oração fúnebre grega, sequencial, sobre uma alma em grave perigo, e um opúsculo com uma corrente de orações. Gregório inovou, libertando a palavra interior de convenções filosóficas e religiosas, permitindo que o espírito se expressasse livremente em um diálogo direto com Deus. Seu diálogo enfatiza a interação entre a solidão humana e o silêncio expressivo de Deus, uma "vinda de Deus na linguagem" que revela a limitação da linguagem na abordagem ao divino.

Seus ensinamentos foram absorvidos pelos poetas armênios do século XX, um período em que colocar o ser humano à frente de sistemas era extremamente desafiador.

Em 2015, por ocasião de sua proclamação como Doutor da Igreja, o Papa Francisco enviou uma mensagem aos armênios elogiando Gregório por expressar o clamor humano, e o chamou de "formidável intérprete do espírito humano".