O jovem jesuíta Pedro Claver, natural da Espanha, deixou sua terra natal para sempre em 1610 para se tornar missionário nas colônias do Novo Mundo. Ele chegou a Cartagena, uma cidade portuária rica banhada pelo Caribe, onde foi ordenado em 1615.

Naquela época, o comércio de escravos já estava estabelecido nas Américas há quase 100 anos, e Cartagena era um dos principais centros desse comércio. Dezenas de milhares de escravos desembarcavam no porto a cada ano, após atravessar o Atlântico a partir da África Ocidental sob condições tão terríveis e desumanas que aproximadamente um terço dos passageiros morria durante a travessia. Embora o comércio de escravos fosse condenado pelo Papa Paulo III e mais tarde rotulado como "vilania suprema" pelo Papa Pio IX, ele continuou a florescer.

O predecessor de Pedro Claver, o jesuíta Padre Alfonso de Sandoval, dedicou-se ao serviço dos escravos por 40 anos antes da chegada de Claver, que continuou o trabalho, se declarando "o escravo dos Negros para sempre".

Assim que um navio negreiro entrava no porto, Pedro Claver se instalava em seu porão infestado para ministrar aos passageiros maltratados e exaustos. Depois que os escravos eram retirados do navio como animais acorrentados e confinados em pátios próximos para serem observados pelas multidões, Claver se aproximava deles com medicamentos, comida, pão, conhaque, limões e tabaco. Com a ajuda de intérpretes, ele dava instruções básicas e assegurava a seus irmãos e irmãs sua dignidade humana e o amor de Deus. Durante os 40 anos de seu ministério, Claver instruiu e batizou aproximadamente 300.000 escravos.

O apostolado do Padre Claver se estendeu além do cuidado com os escravos. Ele se tornou uma força moral e o apóstolo de Cartagena. Ele pregava na praça da cidade, realizava missões para marinheiros, comerciantes e também missões rurais, durante as quais evitava, quando possível, a hospitalidade dos plantadores e proprietários, preferindo se alojar nas áreas onde os escravos viviam.

Após quatro anos de doença, que o forçaram a permanecer inativo e em grande parte negligenciado, Claver faleceu em 8 de setembro de 1654. Os magistrados da cidade, que anteriormente haviam desaprovado sua solicitude pelos excluídos negros, ordenaram que ele fosse sepultado às custas públicas e com grande pompa.

Pedro Claver foi canonizado em 1888, e o Papa Leão XIII o declarou o patrono mundial do trabalho missionário entre os escravos negros.