Sigismundo, nascido no ano 475, foi filho de Gundebaldo, rei da Borgonha. Ele renunciou publicamente à heresia de Ário e converteu-se à fé católica, seguindo o exemplo de seu pai. Sigerico, seu filho, também abraçou a fé católica, levando a uma notável mudança na dinastia real da Borgonha.

O Papa Símaco, ao receber Sigismundo, encheu-se de alegria por essa conversão e presenteou o príncipe com diversas relíquias. Sigismundo, por sua vez, decidiu fazer uma peregrinação a Roma para honrar os apóstolos e o líder visível da Igreja, a quem atribuía a felicidade de sua conversão.

Após a morte de sua primeira esposa, Sigismundo contraiu segundas núpcias, mas desavenças logo surgiram entre ele, sua nova esposa e sua sogra. O conflito foi alimentado por calúnias e resultou em uma trágica consequência: a ordem de execução de seu próprio filho, Sigerico. Consumido pelo arrependimento, Sigismundo buscou expiar seu pecado e retirou-se para o mosteiro de Agaune, onde se dedicou a orações, lágrimas e jejuns.

No entanto, a vida reservou mais tribulações para Sigismundo. Seus filhos, descendentes de Clóvis, rei da França, marcharam contra ele. Derrotado, Sigismundo buscou refúgio nas montanhas, onde viveu escondido, adorando a mão divina que o castigava. Ciente de que os francos haviam se estabelecido na Borgonha, percebeu que era procurado e, para evitar ser capturado, adotou a vida monástica, cortando os cabelos e vestindo o hábito de monge.

A tragédia atingiu seu ápice quando foi traído, capturado e entregue a Clodomiro, que o enviou como prisioneiro a Orleans, junto com sua esposa e dois filhos. Desconhecendo seu destino, Godemar, irmão de Sigismundo, reuniu o exército borgonhês e retomou o controle da Borgonha. Entretanto, Clodomiro, enfurecido, planejou a execução de Sigismundo, sua esposa e filhos, antes de partir para retomar Orleans.

Um santo, Ávito, abade de Mici, buscou dissuadir Clodomiro dessa terrível decisão, profetizando que a mesma violência que ele infligisse a Sigismundo e sua família se voltaria contra ele. No entanto, Clodomiro ignorou o conselho e levou adiante a execução. Isso ocorreu em Columelle, no ano de 523, na fronteira entre Orleans e Beauce. Seus corpos foram lançados em um poço, que posteriormente foi chamado de "Poço de São Sigismundo".

Três anos depois, o abade de Agaune solicitou que os restos mortais de Sigismundo e sua família fossem transferidos para o mosteiro. O translado foi feito com cânticos e salmos, marcando a presença de uma devoção fervorosa. Os milagres atribuídos a São Sigismundo após sua morte o tornaram cada vez mais célebre. A Igreja o reconheceu como mártir, uma prática comum naquela época para indivíduos virtuosos que sofreram uma morte injusta. A festa de São Sigismundo é celebrada em 1 de maio.