Os Graus de Honra

São Vilibaldo

Nascido no reino de Wessex (Inglaterra), São Vilib...

Os Graus de Honra

Neste artigo, queremos esclarecer quais são os níveis de honra e qual a diferença entre eles. Além de explicar a diferença entre adoração, veneração e idolatria.

LATRIA – Adoração, dada somente a Deus
Latria vem do grego λατρεια, que significa adorar. Este culto nós, católicos, devemos somente a Deus, fonte de sabedoria, misericórdia, justiça, amor e esperança, nas três pessoas da santíssima Trindade. Cristo mesmo nos diz isso: "Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele prestarás culto"(Mt 4, 10).
Não podemos esquecer que ao adorarmos o Santíssimo Sacramento, estamos adorando a Deus, presente em corpo, alma e divindade na sagrada eucaristia.

HIPERDULIA – Honra dada à Bem-aventurada Virgem Maria que está acima de todos os santos.
Hiperdulia, do grego υπερδουλεια, significa uma veneração e honra acima dos santos (aos quais prestamos dulia). A hiperdulia é feita na liturgia e através da piedade popular.
A hiperdulia é exclusiva à Maria que na Anunciação do anjo, recebeu o Verbo de Deus no coração e no corpo e trouxe ao mundo a Vida. Maria teve a missão e dignidade de ser Mãe do Redentor, e por consequência a filha predileta do Pai e sacrário vivo do Espírito. Por estes dons e por ser a verdadeira Mãe de Deus e do redentor, ela supera muito as outras criaturas. Sendo assim, a veneração a ela deve ser maior como bom explicou o concílio de Éfeso e Vaticano II.

PROTODULIA – Honra dada a São José.
Protodulia ou suma dulia, é dedicado a São José, devido a dignidade, santidade e sua paternidade. São José, pai nutrício de Jesus, diferencia-se de todos os santos e é merecedor de veneração especial. Acima dos santos e abaixo da Bem-aventurada Virgem Maria.
O Papa Leão XIII publicou uma encíclica de nome “Quamquam Pluries” que exemplifica bem a veneração a São José.

DULIA – Veneração. Honra dada aos Santos.
Precisamos primeiro esclarecer que nenhum católico deve adorar nada a não ser a Deus. Aos santos, nós os veneramos, dada sua vida exemplar e pedimos a eles a intercessão por nós a Deus por estarem em comunhão com Deus no céu.
Dito isto, a palavra dulia vem do grego δουλεια e significa exatamente honrar ou venerar. Este é o tipo de veneração que devemos prestar aos santos, que são exemplos para nós por suas virtudes cristãs, heroísmo e fé. São em pessoas como estas que devemos nos espelhar e que também nos servem de exemplo de que é possível sim, viver e morrer em Cristo. Quanto à intercessão deles por nós, como repetimos em todas as Missas na oração do Creio, “Creio na comunhão dos santos[...]”, sabemos que eles estão em comunhão com Deus no céu e, por este fato, podem interceder por nós, como está claro na Bíblia em diversos textos, como em Hb 12, 2Mac 15, entre outros que são explicados em um artigo sobre o assunto.

Todos os níveis de veneração são fundamentados no dogma da comunhão dos santos que nos ensina que os habitantes do céu, são nossos intercessores junto de Deus e por consequência, dignos de nossa veneração.

E Idolatria, o que é?
Agora que vimos todos os níveis de veneração e sabemos o que é latria e o que são as dulias. Podemos imaginar o que seria idolatria.
Sabemos que latria é adoração, então, idolatria é o culto de latria aos ídolos, do grego είδωλον.
Os católicos são idólatras? Para quem conhece minimamente a Igreja, a resposta é óbvia. Não, nós não somos idólatras pois não adoramos a ídolos, imagens ou esculturas.
Essa acusação é muito comum pela falta de entendimento muitas vezes até dos próprios fiéis. Ao ver alguém ajoelhado perante uma imagem, ícone, cruz ou qualquer outra coisa, pensam estarmos adorando a algo que não pode tirar nem o próprio pó.
Quando rezamos perante um ícone de fé, estamos rezando a Deus, não ao objeto a nossa frente. O objeto serve para inspirar-nos. Ao rezar diante da cruz, lembramos do sacrifício e da vitória de Cristo e isso nos exorta à oração. Como quando você vê uma foto de alguém de quem tem saudade e reza por ele, não reza para a foto, mas a foto é um meio para avivar as lembranças, por exemplo.

Otávio Rockenbach